segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Declaração

Entrou pela porta da frente quando secava a água da chuva que caiu na noite passada.

Tatuando futuro aos pés do ouvido nos conduzimos até o quarto pelas mãos, pelos lábios,

pelos cabelos. 

Não lembro bem quando me dei conta de que a luz já estava apagada, sei que 

todos os dias seguiram iluminados pelo amor que penduramos na janela e todos viram que 

estávamos em paz, que o nosso amor é leve, é quente e que o único drama é escolher onde 

iremos nos espalhar.

É mesmo um pouco exagerado querer com tanta fome cada pedaço de tempo que 

conquistamos juntos. É exagero desejar bom dia, boa tarde, boa noite, bom jogo, boa aula.

Mas a paixão é exagero e quem a tem sabe que querer é combustível, e se recíproco, é 

alimento. Nosso exagero me nutri. 

Aquele que começa medindo o que sente não ama ninguém além de si mesmo, está  

apenas tentando, mas ainda não compreende que o amor não se dá em doses. Eu não sei 

economizar amor. Está em mim, é seu e te dou.

Grata por nos merecermos, rego nossas promessas com a água viva do agora, do que é 

pelo simples e puro desejo de ser e rezo, às vezes bem baixinho, para que nenhuma outra 

palavra nos faça segurar firme nossas mãos se não VONTADE.

Que nossos olhares se beijem de desejo e mesmo quando cansados, que ele seja forte o 

suficiente para fazermos amor em pensamentos e que nossas ideias nos engravidem até o 

último dia, até o último passo de um de nós dois. Enquanto dois, que você venha me 

multiplicar e que nossos frutos e flores amadureçam na certeza de que só o amor nos fez 

plenos.

E quando distantes que você me veja dançando seu nome no céu que te cobre, que tenha a 

certeza que mesmo separados onde quer que você chegue, eu estarei junto.

Sejamos fortes se por ventura um de nós quiser o mundo como resposta, uma árvore pode 

beijar o céu sem se despedir de suas raízes.

Amém.

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