sábado, 27 de novembro de 2010

Aos indiferentes

Os indiferentes poderiam ser apontados facilmente com a parte irresponsável da sociedade, aqueles parasitas que aparentemente não incomodam por parecerem mortos, mas pesam nos momentos em que é necessário um posicionamento, quando é possível notar que estão vivos e despreocupadamente alheios.
Ser indiferente é como estar de olhos fechados diante do pôr do sol
É não se deixar afetar por nada e por isso desconsiderar a mudança. Sim, só muda aquele que realmente se permite.
Essa atitude que aparentemente não causa nenhuma mudança na sociedade é
Claramente citada por Antonio Gramsci (Ales, 22 de janeiro de 1891 — Roma, 27 de abril de 1937) como um mal a ser que não pode ser ignorado porque não passa despercebido.
‘’A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. ’’ *
Mas a que se atribui a indiferença? Ao pessimismo? Não, os pessimistas se posicionam para dizer que tudo vai mal.
Ao Comodismo? Não, os acomodados também levantam para dizer que assim está bem. Ao ceticismo? Menos ainda, os céticos estão em questionamento permanente, pois se distanciam dos fatos para observá-los e não só para negá-los. Resta uma opção: A falta de entusiasmo (grego en + theos, literalmente 'em Deus') e por consequência de motivação.


Aos indiferentes falta movimento.




*Primeira Edição: La Città Futura, 11-2-1917
Origem da presente Transcrição: Texto retirado do livro Convite à Leitura de Gramsci"
Tradução: Pedro Celso Uchôa Cavalcanti.

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