segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

É o que eu lembro.

Piolho só cresce na cabeça de criança que tem maus pensamentos...Mas eu nem tinha tantos assim, me refiro aos pensamentos pq sobre os piolhos só não tinha mais pq meu bixinho de estimação era um macaquinho que comia um monte ( que nojo né? Pois é eu não tinha nojo nenhum)
Queria de novo aqueles caminhos estreitos onde largartinhas coloridas passeavam em cima das flores baixas que me acompanhavam até o rio que chamavamos de Pinga, lá tinha sapo, ninguém se incomodava, quando criança aprendemos  a compartilhar os espaços. Ali bem pertinho do rio tinham bananeiras que geravam bananas roxas, tão roxas que nunca mais as vi. Queria aquelas noites profundas quando a lua clareava os telhados, o chão, os cabelos pretos de minha mãe, o chão, queria prender mais vaga-lumes nas caixas de fósforo e me juntar com os primos pra soltar  tudo de uma vez. Sim, queria catar manga rosa, as mais bonitas e cheirosas do mundo. Andar na mata com fumo caso saci apareça, pisar com cuidado no chão para não dar de cara com uma surucucu e ficar fazendo barulho para chamar os micos, coisas que meu avô me ensinou, queria de novo me abaixar em meio ao cafezal só apra juntar um quilo de café e trocar por centavos. Subir no pé de goiaba e ir, ir e ir até a ponta mais alta,só apra elevar os pensamentos, me perguntaram o que há depois da serra. Será que o velho Doca já colocou alguma criança naquele saco? Será que ele fica trsite por termos medo dele "mãe eu não quero ter medo de ninguém!!!" Talvez ele não quisesse ser assustador.
Brincar com as primas de casinha em cima do pé de jaca sempre resultava em deruabar as panelinhas de todo mundo.Amarrar saco nas mãos para pegar tanajura era o que eu chamava de malandragem, comer a largatra branca que morava no buriti era quase um ritual para mim e papai. Tentava roubar o ovo da galinha só para ela me dar atenção e correr atras de mim. Bandida! Só não voava porque não queria. No finzinho da tarde tapava os ouvidos para não ouvir o barulho do porco griatndo quando os homens se juntavam para dar fim ao bichinho. Depois da chuva ia procurar olho d'água, procurar a lua no céu de dia "gente porque a lua vem na hora do sol e o sol nunca vem na hora da lua" Porque a Lua sente mais saudade e não consegue esperar  a hora certa, "Mãe porque a gente tem de ir pro Rio de Janeiro? queria ir no rio do meu aniversário, o rio de Março. A gente pode levar o Leão junto ou lá não tem cachorro?" Quando dava 6 da manhã levantavamos quase que simultaneamente, um ouvindo o choro do outro por causa dos olhos grudados de tanta remela, dormiamos 12 horas por dia, não há olho que não grude, quando dava 6 horas da noite, era hora de se assear, nós crianças iamos dormir e nossas mães iam ver novela na casa sei lá de quem.
 Sitio das Flores, GBN, Ceará... É o que eu lembro.

2 comentários:

Rafael Assis disse...

Eu viajei junto, indo por cada caminho como se fossem lembranças minhas também, lendo me sinto sem infância... sinto que pisei pouco no chão e sinto falta de bichos e mato porque saudade e gente isso tive aos montes.

Que bom saber que você carrega todas essas cores, sabores e cheiros... é o seu tempero e eu ADORO.

Bjs Amada.

Eliza Morenno disse...

É o tempero cearense rsrsr, brigaduuuuuuu = )