terça-feira, 8 de setembro de 2009

AMÉLIA



Ela estava em um daqueles bancos mais altos que ficam no fundo do onibus quando eu cheguei apressada, pousava ousadamente onde eu costumo sentar,perto da janela. Sua calma me assombrou mais que a beleza, se disfarçava na imobilidade e tinha uma jeitinho de '' tomara que não me vejam''. Mas eu a vi!Pequena, linda, azul cor de noite com pontos laranja rosado, ou algo parecido com isso.Coloquei minha mão na sua frente e ela veio subindo sem nenhum pudor me senti honrada, fiz cara de quem acabara de colocar um colar de diamantes e decidi que se chamaria Amélia.Ficamos todo o percursos caladamente falantes, ela zanzava por entre os meus dedos e eu tentava aproveitar aquele momento incrível. Quase no fim do trageto um cara sentou ao meu lado e percebendo Amélia perguntou:

-É de verdade?

-Pode ser.

-Que interessante ter uma borboleta de estimação.

-...nada ela só está perdida

-Não está mais, já encontrou uma flor.

Bobo porém gentil, ele cuidadosamente me cedeu espaço para sai do banco e vendo que iríamos descer disse:

-tchau pra vcs!

Assim que nos livramos do ar condicionado do onibus pude percebe-la sentindo a luz do sol, pensei em leva-la para a aula de linguistica mas seria muita perda de tempo e tempo talvez seja uma coisa que borboletas não tem.Procurava um lugar para deixa-la mas ela se antecipou e voou ligeiramente sobre a azaléias. Fiquei por uns 5 segundos parada, não esperava que ela fosse sem se despedir, tive vontade de gritar''volta!''.Queria que ela soubesse que gostei de sua companhia...foi tão bom vê-la livre que até minha recente saudade ficou alegre.

Se cuida Amélia!

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